17/11/09
03/10/09
A SUBLIMAÇÃO DA ESPERTEZA
A esperteza é uma característica cada vez mais apreciada na sociedade portuguesa. Como se desse uma certa cor ao ambiente de depressão. Nos dias de hoje, ser esperto em Portugal não anda muito longe de ser herói: alguém que, num clima desfavorável, atinge os seus objectivos sem olhar a métodos nem problemas de consciência. Estes novos heróis, que o povo começou por encarar com reprovação mas já se resignou a olhar num misto de complacência, admiração e inveja, nada têm de altruísta. Ao contrário do Super-Homem ou do bombeiro que resgata a criança do fogo, não querem salvar ninguém. São apenas espertos. Mais do que sobreviver, fazem pela vida. Alguns têm até mais do que uma vida, o que dá imenso jeito. Falhada a primeira encarnação, podem sempre partir para mais tarde regressar do além-túmulo, um local naturalmente mortiço onde é fácil recarregar baterias (…).
Os portugueses veneram a esperteza. Todos os dias a perseguem e tentam incorporar na escala do seu pequeno poder individual, seja como condutores no trânsito ou como vulgares mamíferos na fila do supermercado. Em Portugal, os bons exemplos são menosprezados. Não basta ser competente, honesto, colocar brio no que se faz e, se não for pedir muito, fazer uso frequente dessa coisa chamada inteligência emocional - um conceito que nada tem de transcendente e que, depois de bem espremido, resume-se a respeitar e saber viver com os outros.
09/09/09
22/08/09
COMEÇA HOJE O RAMADÃO
O Ramadão é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam, م وْ صَ ), o quarto dos cinco pilares do Islão: professar e aceitar do credo, orar cinco vezes ao longo do dia, pagar dádivas rituais, observar as obrigações do Ramadão e fazer a peregrinação a Meca.
A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo facto do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez num período quente.
Uma vez que o calendário islâmico é lunar, não é celebrado todos os anos na mesma data, podendo passar por todas os meses e estações do ano, conforme a progressão dos anos, porém sua duração é entre 29 e 30 dias. O mês inicia-se com a aparição da lua no final do mês de sha'ban (oitavo mês no calendário lunar muçulmano).
Este período é um tempo de renovação da fé, da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correcção pessoal e autodomínio.
Durante todo o mês é observado o jejum (incluindo as relações sexuais), da alvorada ao pôr-do-sol. O crente deve, não só abster-se destas coisas, mas também não pensar nelas e manter-se concentrado em suas orações e recordações de Deus.
Bem antes da alvorada, durante a madrugada, há uma pequena refeição (Su-Hoor) que substitui o pequeno-almoço habitual e é considerado uma bênção enviado por Deus, segundo o Alcorão.
No término de cada dia, com o início do crepúsculo é obrigação do muçulmano quebrar o jejum imediatamente, mesmo antes da oração, devendo pronunciar, segundo Maomé, as seguintes palavras: "Foi-se a sede, hidrataram-se as veias, e alcançou-se a recompensa, com a permissão de Deus".
Segue-se o iftar ( راطفإ ), refeição que reúne os membros da família e os seus amigos, numa celebração de fé e de alegria. Após esta refeição, é prática social sair com a família para visitar amigos e familiares e reunirem-se para a prática da oração.
Actualmente, com a ampliação do diálogo interreligioso, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a partilhar este momento de convívio e é cada vez mais frequente que cristãos ofereçam e celebrem um iftar para os seus amigos muçulmanos.
Fonte: Wikipédia
02/08/09
ALUNOS COM MÉDIAS MAIS ALTAS VÊM DE FAMÍLIAS ABASTADAS

O estudo foi dirigido pela socióloga Ana Nunes de Almeida, coordenadora do Observatório dos Percursos dos Estudantes da UL, a partir de dados recolhidos junto de alunos que se matricularam pela primeira entre 2003 e 2008.
Num documento com as principais conclusões, os autores destacam que a actual população universitária tem vindo a diversificar-se desde os anos 80, "do ponto de vista das suas origens sociais, dos seus percursos ou expectativas individuais", trazendo para as universidades uma "geração numerosa de jovens provenientes de grupos com menores capitais culturais e económicos".
No entanto, segundo os dados recolhidos, as vagas dos Cursos que requerem notas mais elevadas, como Medicina, Belas Artes e Farmácia, são preenchidas principalmente por alunos com origem em famílias mais favorecidas, cujos pais são "quadros dirigentes e superiores das empresas ou da administração pública, especialistas das profissões científicas e intelectuais, técnicos e profissionais de nível intermédio".
Por outro lado, "as faculdades com notas de acesso mais baixas (Letras, Psicologia e Ciências da Educação) recrutam sobretudo alunos provenientes de famílias mais desfavorecidas, as filhas e os filhos de empregados administrativos, pessoal dos serviços e vendedores, operários e artífices", salienta o estudo.
Os autores destacam que quase 60 por cento dos caloiros da UL provêem de famílias mais favorecidas.
''As modalidades de acesso não são portanto apenas uma questão de mérito individual, mas um assunto de família num cenário de selecção social", concluem.
30/07/09
O PAPA E O PRESERVATIVO
20/07/09
HÁ 40 ANOS: PRIMEIRO HOMEM NA LUA
Quatro décadas depois do primeiro contacto do Homem com a poeira inerte da Lua, sondagens referem que 6 % dos ame-ricanos pensam que as alunagens não poderiam ter acontecido. A chegada à Lua, um dos maiores feitos da raça humana, foi um embuste elaborado e desenvolvi¬do para fomentar o orgulho patriótico dos EUA, insistem muitos.
Examinam as fotografias das missões, procurando sinais de falsificação e afirmam que conseguem ver a bandeira dos EUA a flutuar naquilo que era supostamente o vazio do espaço. Exageram os riscos para a saúde das viagens através das ondas de radiação que envolvem o nosso planeta; subestimam a proeza tecnológica do programa espacial americano; e denunciam como crimes todas as mortes ocorridas nesse programa, relacionando-as com uma conspiração a nível mundial.
E embora não haja provas credíveis que consubstanciem estas afirmações, e a mera improbabilidade de se conseguir inventar um enredo tão gigantesco e mantê-lo secreto durante 40 anos seja um desafio à imaginação mais delirante, os negacionistas continuaram a amontoar acusações até hoje. (…)
"Há pessoas inteligentes e perfeitamente normais que acreditam nessas teorias da conspiração", diz Philip Plait, astrónomo e autor que contesta, exaustivamente, ponto por ponto, os argumentos dos teóricos da conspiração no seu site "Bad Astronomy".
Embora as pseudoprovas dos teóricos da conspiração possam ser facilmente refutadas, diz Plait, compreender os processos pode exigir conhecimentos históricos, fotográficos e científicos e respectiva metodologia. "Dá trabalho; muito trabalho", diz ele, "e a maioria das pessoas não o faz E, assim, essas coisas criam pernas para andar".
10/07/09
ERA NO CAMPO QUE SE CONSUMIA MAIS PÃO EM PORTUGAL
14/06/09
A PRAGA DE PIOLHOS QUE GEROU MODA
08/06/09
LÍNGUA TRAIÇOEIRA
Para os nativos da língua inglesa, referências à analidade desse tipo nada têm de sexual. Referem-se tão-só a um tipo de personalidade, caracterizado por uma certa necessidade de organização, pela aceitação das regras estabeleci das e por um gosto pela limpeza.
Anal é quem cumpre todas as regras de trânsito e recrimina todos os que não o fazem. São aqueles cujas secretárias no trabalho estão sempre impecável e irritantemente organizadas. São os que nunca vão de férias sem ter uma relação das despesas e listas exaustivas dos locais a não perder.
17/05/09
DESENRASCANÇO

25/01/09
INFERNO - Cristiano Ronaldo

Mas, com Ronaldo, Portugal relembrou também um aspecto da história pátria: a forma como nacionalizamos feitos individuais par efeitos de propaganda patriótica. Durante 48 anos, não houve atleta, cantor ou artista que a ditadura não tenha usado como símbolo colectivo.
09/12/08
29/11/08
ENTRE MARIDO E MULHER...

Porque muitas mulheres ainda não pedem socorro? Receiam as consequências. Outras nem sequer têm consciência de que são vítimas de um crime e resignam-se. E quantas vezes não lemos nos jornais, que os vizinhos «até sabiam», mas nada fizeram?
A violência contra a mulher ainda goza de cumplicidade e impunidade da sociedade porque as mulheres são vítimas de uma violência secular e a visão patriarcal de que a mulher deve ser subalterna ainda domina. É verdade que, sobretudo depois dos anos 60, estas questões deixaram a esfera privada e passaram à esfera pública, passando a ser encaradas como um problema político e de direitos humanos. No entanto, porque estes comportamentos foram, durante milénios, encarados como aceitáveis ou até desejáveis, muito há ainda por fazer.
Pois é. O dito «entre marido e mulher não se mete a colher» ainda vinga na polícia, na justiça e na polícia. Este ano, em sete distritos não se verificou uma única detenção de agressores. E, no nosso país, só um homem se encontra a cumprir pena de prisão por violência doméstica. Um apenas. Os brandos costumes existem, sim. Estão é do lado errado.
15/11/08
NOJOOD, 10 ANOS, DIVORCIOU-SE E AGORA É "WOMAN OF THE YEAR 2008"
A revista Glamour descreveu-a como "a mais célebre divorciada" do mundo, mas não foi por isso que a distinguiu, esta semana, como uma das dez Women of the Year 2008. Nojood Mohammed Ali, de dez anos, viajou de Sanaa, capital do Iémen, até Nova Iorque, para partilhar o prémio com Hillary Clinton, Condoleezza Rice ou Nicole Kidman por ter aberto o caminho às meninas que querem libertar-se de casamentos forçados. (…)O drama de Nojood começou quando o pai, um desempregado que antes recolhia lixo nas ruas, quebrou a promessa de não a retirar da escola para lhe arranjar um marido, como fez a outras irmãs.

No Iémen, segundo um estudo da Universidade de Sanaa, cerca de 52 por cento das raparigas são forçadas a casar-se antes dos 18 anos. "O exemplo de Nojood vai aumentar a pressão para que se defina uma idade mínima para casar", diz ao PÚBLICO, por telefone, Mohammed al-Kibsi, do jornal Yemen Observer. "Os islamistas do Comité da Sharia [lei corânica] recusam impor limites, mas há um grande movimento da sociedade civil para que o Parlamento aprove este mês uma lei que imponha os 18 anos como idade mínima. Vai haver compromisso, para os 16 anos."
22/10/08
SOBRE MACACOS E BANANAS
E assim se inicia a experiência: no preciso momento em que toca no escadote, todos os macacos são molhados com água gelada. Como é natural, isso detém o macaco. Passado um bocado, o mesmo macaco, ou algum dos outros, faz nova tentativa com o mesmo resultado: todos os macacos apanham com a água gelada assim que um deles toque no escadote. Quando este

Uma vez chegados a este estádio, retiramos um dos macacos da divisão e substituímo-lo por um novo (que obviamente não participou na experiência até aí). O novo macaco vê as bananas e trata imediatamente de subir pelo escadote. Para seu horror, todos os outros macacos o atacam. E claro que o impedem. Depois de mais um par de tentativas, o novo macaco já aprendeu: se tenta subir pelo escadote, vão agredi-lo sem piedade.
O procedimento é de seguida repetido: retira-se um segundo macaco e introduz-se outro novo. O recém-chegado encaminha-se para o escadote e o processo repete-se: mal lhe toca (no escadote), é massivamente atacado. E não é só isso: o macaco que tinha entrado imediatmente antes dele ( e que nunca passara pela experiência da água gelada!) participa no episódio de violência com grande entusiasmo. Um terceiro macaco é substituído e mal tenta subir o escadote, os outros agridem-no. Todavia, dois dos macacos que lhe batem não fazem ideia do motivo porque não se pode subir o escadote. Substitui-se um querto macaco, depois o quinto e, por fim, o sexto que nesta altura era o único que restava do grupo original. Ao tirar-se este de lá, não resta nenhum que tenha sofrido o banho de água gelada. No entanto, tendo o último tentado subir um par de vezes e sendo furiosamente golpeado pelos outros cinco, fica estabelecida a regra: Não se pode subir o escadote. Quem o fizer expõe-se a uma repressão brutal. Só que agora nenhum dos seis tem argumentos para justificar tal barbaridade.
Qualquer semelhança com a realidade dos seres humano não é pura coincidência nem fruto do acaso. É que somos mesmo assim: como os macacos
17/10/08
NO SUBCONSCIENTE, OS AMERICANOS VÊEM OBAMA COMO ESTRANGEIRO?
Há alguns anos, os psicólogos Mahzarin Banaji e Thierry Devos mostraram os nomes de celebridades a um grupo de voluntários, pedindo-lhes que as classificassem como americanos ou não americanos. A lista incluía a jornalista televisiva Connie Chung ou a estrela do ténis Michael Chang, ambos americanos de origem asiática, bem como os actores britânicos Hugh Grant

Os psicólogos perguntaram depois ao grupo que nomes associava a ícones americanos como a bandeira, o Capitólio ou o Monte Rushmore, e quais associava a símbolos estrangeiros: o edifício da ONU em Genebra, uma nota de 100 hrivnis da Ucrânia e um mapa do Luxemburgo. E descobriram que, se tivessem de responder depressa, os voluntários associavam muito mais facilmente os símbolos americanos aos actores britânicos e os estrangeiros a Chung ou Chang.
Os resultados sugerem que, a um nível subconsciente, as pessoas equiparavam os brancos - mesmo os estrangeiros - com símbolos americanos.
Noutra experiência envolvendo atletas negros nos Jogos Olímpicos de Sydney, os psicólogos verificaram que o mesmo padrão se aplicava aos afro-americanos.
Os voluntários brancos concordavam que os saltadores Allen Johnson e Angelo Taylor, que ganharam medalhas de ouro, "contribuíram para a glória da América" e "representam tudo o que a América é". Mas foram lentos a associar as suas fotografias a símbolos americanos. Os voluntários negros foram mais rápidos a associar atletas negras ou brancos a símbolos americanos.
"Isto é poderoso porque mostra que as nossas mentes também distorcem os factos, além das preferências", diz Banaji, que trabalha em Harvard. "Os afro-americanos consideram-se americanos, mas isso não é assim nas mentes de todos os brancos."
As experiências (baseadas em testes disponíveis em implicit.harvard.edu) provocaram controvérsia. Pode ser um embaraço para as pessoas saber que subconscientemente associam ser americano com ser branco, mas isso importa? Importa e muito - por exemplo, no comportamento eleitoral, dizem os investigadores.
Numa série de novas experiências, Devos mostrou que o preconceito "branco equivale a americano" pode ter um papel fundamental nas presidenciais (Banaji é democrata registada; Devos não é americano).
Durante as primárias, Devos, na Universidade de San Diego, e Debbie Ma, da Universidade de Chicago, descobriram que, ao nível subconsciente, as pessoas associavam mais facilmente Hillary Clinton com "ser americana" do que Barack Obama.
Mais surpreendente, os psicólogos descobriram que os voluntários eram mais rápidos a associar o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair com ser americano do que Obama.
A um nível consciente, os participantes não tiveram problemas em identificar Obama e Clinton como americanos e Blair como estrangeiro. Mas as associações subconscientes eram importantes: quem demorava mais tempo a ver Obama como americano a um nível subconsciente tinha menos probabilidades de pensar votar nele do que os que o associavam facilmente com símbolos americanos.
E num último conjunto de experiências, que acabou na semana passada, os investigadores dizem ter encontrado um padrão idêntico quando comparavam as associações subconscientes sobre Obama e o seu rival, John McCain
Conscientemente, os voluntários diziam que ambos são americanos, mas num nível subconsciente eram mais rápidos a associar McCain com ser americano do que Obama - e a força destas associações reflectia-se nas predisposições de voto. "Quando menos viam Obama como americano comparado com McCain, menos provável era que votassem nele", explica Devos. O preconceito era subtil - e apenas um entre muitos factores pesados nas escolhas de voto - mas também conta.
SHANKAR VEDANTAM , Público, 16.10.2008