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14/06/09

A PRAGA DE PIOLHOS QUE GEROU MODA

Na viagem da família real portuguesa para o Brasil, há mais de dois séculos, em duas das naus houve praga de piolhos, obrigando as senhoras - aristocratas incluídas - a cortar o cabelo de forma radical. Quando chegaram ao Rio de Janeiro, foram imitadas por se pensar que a cabeça rapada era moda na Europa. Por que é que no Reino Unido se conduz pela esquerda? Henrique VIII da Inglaterra rompeu relações com o papado de Roma por este não lhe conceder a anulação do primeiro casa­mento (com a espanhola Catarina), para poder casar com quem amava. O rei proibiu então que se entrasse em Londres pelo lado direi­to, para contrariar o costume romano. Porque no passado, o lado esquerdo era considera­do maligno, como a superstição dizia que o canhoto era ruim, a minha mãe obrigou-me a escrever com a mão direita, e hoje escre­vo com as duas, porque nunca deixei de ser canhoto.
AROLDO MARTINS, Plenitude, nº72, Junho de 2009

19/04/09

PROBLEMA "LEGO"

Quando Jorgen Vig Knudstorp assumiu a direcção da fabricante dinamarquesa de brinquedos [Lego] em 2004, o cenário era catastrófico. As vendas caíam a olhos vistos, o custo de produção era elevado e as dívidas não paravam de aumentar. Foi neste contexto que a ReD Associates foi chamada a intervir. Composta por antropólogos, sociólogos e psicólogos, esta consultora dinamarquesa já trabalhou para empresas como a Adidas, Vodafone e Coca-Cola mas teve na Lego um dos seus maiores desafios. "A empresa tinha perdido a sua relação com as crianças", explica ao PÚBLICO Christian Madsbjerg, membro da consultora. Para perceber o que se passava, a equipa de cientistas sociais passou quatro meses a trabalhar com um grupo de 100 crianças. Falaram e brincaram com elas, acompanharam-nas na escola, estiveram em casa com a família e, no final, descobriram onde estava o problema: todas as pressuposições da Lego sobre como as crianças gostavam de brincar estavam erradas."A Lego pensava que as crianças gostavam mais de playstations, de jogos fáceis e de encontrar instantaneamente diversão nas brincadeiras", explica Christian Madsbjerg. Mas a realidade era bem diferente. "Os miúdos continuavam a gostar muito de brincadeiras físicas, de coisas difíceis e não se importavam de perder tempo a descobrir como resolver o enigma de um brinquedo", conclui. A Lego teve então de mexer nas peças do seu negócio, acabar com alguns produtos e criar outros. As crianças voltaram.

20/03/09

FAVELAS DOS RICOS

Um estudo realizado em Braga por técnicos da Universidade do Minho mostra que existem, cada vez mais, ‘favelas dos ricos’; bairros de casas de luxo, sem relações de vizinhança e sem participação na vida social, disse à Lusa um dos responsáveis pela investigação.
«São casas construídas nas encostas de montes, com vista sobre as cidades, mas totalmente voltadas para o interior e para a privacidade», referiu Miguel Bandeira, geógrafo e um dos autores do estudo sobre as «favelas dos ricos».
As favelas dos ricos são vivendas unifamiliares, com uma média de 350 metros quadrados de construção e onde vivem, em média, três pessoas.
O estudo, que ainda não terminou, está a ser elaborado por Miguel Bandeira, geógrafo, Carlos Veiga, soci­ólogo e Patrícia Veiga, arquitecta, todos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.
(…) «Tendo por exemplo as favelas do Brasil, em Braga, temos encostas cheias de casas de luxo, construídas para dar segurança e privacidade a quem lá vive», referiu o sociólogo.
«São áreas do extinto mundo rural, onde os socalcos usados para a agricultura foram transformados em lotes de construção de vivendas de alta qualidade e onde os caminhos rurais foram alcatroados», explicou Miguel Bandeira.

Moradores de bairros de luxo, "ignoram" actividades e equipamentos da localidade onde vivem, disse à Lusa a tesoureira da junta de freguesia de Lamaçães.
A Serra de Espinho, entre os santuários do Sameiro e do Bom Jesus, pertence, entre outras, às freguesias de Lamaçães e Nogueiró.
Na encosta da serra, com vista para a cidade de Braga, nos últimos dez anos, foram construídas centenas de moradias de luxo.
«As famílias vivem em Lamaçães mas é como se não vivessem», disse Virgínia Esteves, tesoureira da junta de freguesia local. «Não estão recenseados aqui, as crianças não frequentam o centro escolar público, não frequentam a catequese da paróquia e as famílias não vão à missa da freguesia», salientou a mesma fonte.
Sem moradias à venda, a vida na encosta da Serra de Espinho, parece pacífica. Às 15hOO de um dia de semana, quando se toca à campainha, é a empregada que responde. Mulheres de países de Leste, brasileiras e portuguesas, as empregadas limitam-se a dizer que «os senhores não estão em casa» e que não sabem a que horas voltam.
Durante o dia, a 'favela' é um local com ruas vazias, sem automóveis e com muito sossego. «A ideia que dá é que os vizinhos nem se conhecem. Cada um tem a sua piscina, o seu terraço, quem tem crianças, instala um parque infantil no jardim e vivem dentro do seu lote de terreno», referiu uma empregada doméstica. «Eu só conheço as minhas colegas de as ver a colocar o lixo na rua e pouco mais mas olhe que as famílias são felizes aqui», salientou.
Lamaçães é uma freguesia «modelo» para os técnicos da Universidade do Minho. «Existem três tipos de habitantes: Os que vivem nas casas originais do mundo rural, que têm as crianças na escola local e que fazem a vida na freguesia. Há as famílias que residem em moradias em banda e que "fogem" aos apartamentos da cidade e há os que vivem nas moradias construídas nos antigos terrenos de cultivo. São estes os habitantes daquilo a que chamamos favelas», explicou Carlos Veiga.
in DIÁRIO DO MINHO, 09-03-09