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31/10/09

UMA ESTÓRIA

Uma professora do ensino básico pediu aos alunos que fizessem uma redacção sobre o que gostariam que Deus fizesse por eles.

Ao fim da tarde, quando corrigia as redacções, leu uma que a deixou muito emocionada. O marido, que, nesse momento, acabava de entrar, viu-a a chorar e perguntou:

- O que é que aconteceu?

Ela respondeu:

- Lê isto.

Era a redacção de um aluno.


Senhor, esta noite peço-te algo especial: transforma-me num televisor. Quero ocupar o lugar dele. Viver como vive a TV da minha casa. Ter um lugar especial para mim, e reunir a minha família à volta... Ser levado a sério quando falo... Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem perguntas. Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando está cansado. E que a minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar.. E ainda, que os meus irmãos lutem e se batam para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos. Senhor, não te peço muito...Só quero viver o que vive qualquer televisor.


Naquele momento, o marido disse:

- Meu Deus, coitado desse miúdo! Que pais!

E ela olhou-o e respondeu:

- Essa redacção é do nosso filho!

Em mail de Ana Moura

16/08/09

O QUE ACONTECE QUANDO SE LAMBE UMA LESMA AMARELA


(…) para a maioria das pessoas do mundo industrializado, a natureza é uma parte cada vez mais rarefeita nas nossas vidas. As crianças cresceram, durante mil gerações, a explorar os campos, a coçar-se por causa de plantas venenosas ou urticantes e a descobrir, à sua própria custa, o que é um ninho de vespas. Hoje isso já não é verdade. Paul, um aluno do quarto ano de San Diego, explicou-se muito bem: "Prefiro brincar dentro de casa, porque é lá que há tomadas de corrente." (…)

Só 2% dos lares dos EUA ficam em quintas, comparados com os 40% de 1900. Um estudo de três gerações que incidiu sobre grupos de crianças de 9 anos constatou que, em 1990, o raio de acção que era permitido às crianças explorar livremente era de apenas um nono do que fora em 1970.

Um estudo britânico constatou que as crianças têm mais facilidade em reconhecer personagens de desenhos animados japoneses, como Pikachu, Metapod e Wigglytuff do que animais e plantas nativas como a lontra, o carvalho, o escaravelho...

Louv chama a isto "nature deficit disorder" (síndrome de défice de natureza) e associa-o aos aumentos da depressão, da obesidade e da síndrome de défice de atenção. Bem, não vou jurar por nada disso, mas a verdade é que o livro dele chega a referir um estudo que indica que contemplar peixes faz baixar substancialmente a tensão arterial. (…)

Ah, e a lesma? Já houve um tempo em que a maioria das crianças sabia que, se lamber a parte de baixo de uma lesma-da-banana, a língua fica dormente. Para eles, é melhor isso do que tornarem-se eles próprios uns bananas e umas lesmas, com os sentidos embotados por ficarem fechados dentro de casa.

NICHOLAS KRISTOF, iOnline, 06-08-09

10/07/09

ERA NO CAMPO QUE SE CONSUMIA MAIS PÃO EM PORTUGAL

Quem vive na cidade come mais leite, queijo e iogurtes do que os que vivem no campo. Já nas zonas rurais, há uma maior apetência por cereais e pão que nas áreas urbanas. Assim se comia em Portugal há 20 anos. E hoje? Ninguém sabe, pois estas conclusões são do único inquérito alimentar nacional já feito. Que data de 1985.Com a disseminação de hipermercados pelo país, a maior ligação entre interior e litoral e a diversificação da oferta o mais natural é que muito tenha mudado. No entanto, o inquérito feito pelo Instituto Ricardo Jorge há duas décadas dá conta que, em média, cada português ingeria (sem contar com as bebidas) 1549 gramas de alimentos por dia e, embora as opções variassem em relação à situação geográfica, tanto urbanos como rurais equilibravam-se, com ligeira vantagem dos habitantes das cidades, que deglutiam mais uns gramas.Os alimentos mais consumidos eram, por ordem, a batata (309,3 gramas), o pão (252,1), o leite e iogurte (203,6) e as hortícolas (198,3). Consumia-se mais carne que peixe, mas a diferença não era substancial - 92 gramas de peixe para 122 de carne. Numa coisa, portugueses do campo e da cidade igualavam: o consumo de açúcar. A gulodice não dependia da geografia. Só que a quantidade consumida - 31,3 gramas era muito inferior ao consumo real do país, que se situava nas 81 gramas. Ou seja, conclui o estudo, deve ser nos cafés e restaurantes que se fazia a maior parte da ingestão de doces. Outro dado interessante: consumia-se 11 por cento de alimentos a menos do que os que se encontravam disponíveis no mercado. O Algarve era o campeão dos comedores de peixe, os habitantes no distrito de Évora não eram muito adeptos da batata e da fruta, o Alentejo adorava leite, os de Bragança abusavam das gorduras e os de Lisboa eram os maiores comilões de todos. No estudo não surgem, porém, informações sobre o consumo de sal.
ANA FERNANDES, Público, 14-03-2009

20/03/09

FAVELAS DOS RICOS

Um estudo realizado em Braga por técnicos da Universidade do Minho mostra que existem, cada vez mais, ‘favelas dos ricos’; bairros de casas de luxo, sem relações de vizinhança e sem participação na vida social, disse à Lusa um dos responsáveis pela investigação.
«São casas construídas nas encostas de montes, com vista sobre as cidades, mas totalmente voltadas para o interior e para a privacidade», referiu Miguel Bandeira, geógrafo e um dos autores do estudo sobre as «favelas dos ricos».
As favelas dos ricos são vivendas unifamiliares, com uma média de 350 metros quadrados de construção e onde vivem, em média, três pessoas.
O estudo, que ainda não terminou, está a ser elaborado por Miguel Bandeira, geógrafo, Carlos Veiga, soci­ólogo e Patrícia Veiga, arquitecta, todos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.
(…) «Tendo por exemplo as favelas do Brasil, em Braga, temos encostas cheias de casas de luxo, construídas para dar segurança e privacidade a quem lá vive», referiu o sociólogo.
«São áreas do extinto mundo rural, onde os socalcos usados para a agricultura foram transformados em lotes de construção de vivendas de alta qualidade e onde os caminhos rurais foram alcatroados», explicou Miguel Bandeira.

Moradores de bairros de luxo, "ignoram" actividades e equipamentos da localidade onde vivem, disse à Lusa a tesoureira da junta de freguesia de Lamaçães.
A Serra de Espinho, entre os santuários do Sameiro e do Bom Jesus, pertence, entre outras, às freguesias de Lamaçães e Nogueiró.
Na encosta da serra, com vista para a cidade de Braga, nos últimos dez anos, foram construídas centenas de moradias de luxo.
«As famílias vivem em Lamaçães mas é como se não vivessem», disse Virgínia Esteves, tesoureira da junta de freguesia local. «Não estão recenseados aqui, as crianças não frequentam o centro escolar público, não frequentam a catequese da paróquia e as famílias não vão à missa da freguesia», salientou a mesma fonte.
Sem moradias à venda, a vida na encosta da Serra de Espinho, parece pacífica. Às 15hOO de um dia de semana, quando se toca à campainha, é a empregada que responde. Mulheres de países de Leste, brasileiras e portuguesas, as empregadas limitam-se a dizer que «os senhores não estão em casa» e que não sabem a que horas voltam.
Durante o dia, a 'favela' é um local com ruas vazias, sem automóveis e com muito sossego. «A ideia que dá é que os vizinhos nem se conhecem. Cada um tem a sua piscina, o seu terraço, quem tem crianças, instala um parque infantil no jardim e vivem dentro do seu lote de terreno», referiu uma empregada doméstica. «Eu só conheço as minhas colegas de as ver a colocar o lixo na rua e pouco mais mas olhe que as famílias são felizes aqui», salientou.
Lamaçães é uma freguesia «modelo» para os técnicos da Universidade do Minho. «Existem três tipos de habitantes: Os que vivem nas casas originais do mundo rural, que têm as crianças na escola local e que fazem a vida na freguesia. Há as famílias que residem em moradias em banda e que "fogem" aos apartamentos da cidade e há os que vivem nas moradias construídas nos antigos terrenos de cultivo. São estes os habitantes daquilo a que chamamos favelas», explicou Carlos Veiga.
in DIÁRIO DO MINHO, 09-03-09