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11/11/09

Novas formas de socialização primária ou socialização secundária precoce?

A socialização é um processo interactivo e gradual que se dá durante o desenvolvimento pode ser:
- primária que são os conhecimentos básicos, que ocorrem a partir da infância, modelos de comportamento morais e sociais, linguagem, etc. ;
- secundária que são os conhecimentos especializados, que integram o indivíduo em funções específicas na sociedade como a profissão, por exemplo.

Esta imagem representa as influências das tecnologias e da Internet em todas as fases da vida humana, até mesmo na infância (altura em que adquirimos os nossos conhecimentos básicos – socialização primária).


Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSqTAwQGhGAVsySYJufChrrmPaQYvLHNM9lafk7jjgMQBSIw8d_h6jZd0MS-4eE2lJgdtcSLvnspnGIDQk27y-DECZq4zyln_6lf_HDMEI9Of9fdiMjKclMqer8ICaE3LVXw7wnV7qHMOd/s320/socializa%C3%A7%C3%A3o.png

06/09/09

OS IDIOTAS DOMINAM

(...) O líder dos Nine Inch Nails (NIN), Trent Reznor, decidiu fechar todas as suas contas em redes sociais. Face­book, Twitter, MySpace, não sobrou uma. "Os idiotas domi­nam", escreveu Reznor, no últi­mo texto do blogue associado ao site dos NlN (o único que continua no ar). Reznor foi entupido com comentários ofensivos, demonstrações de ódio e ameaças anónimas, que atingiram também a sua noiva. A saída estratégica do cantor gótico/metal/industrial veio apenas dias depois de o site TechCrunch ter cancelado a sua conta no FriendFeed, devi­do aos ataques sucessivos (e pessoais) aos autores da pági­na. Os exemplos sucedem-se e são alarmantes. Que se passa com as redes sociais? Já não é só a executiva que perdeu uma proposta de emprego na Cisco porque foi falar disso no Twit­ter; é também a adolescente de 13 anos que se suicida por cau­sa da mãe de uma ex-amiga, que se fez passar por um namorado virtual no MySpace. Precisamos de regras naquele que era suposto ser o espaço mais livre do mundo: a inter­net. É uma ferramenta podero­sa demais para que continue esta ausência de enquadramen­to legal, esta passividade peran­te o que é possível fazer com ela. Aceitar que apenas espe­lha o bom e o mau do mundo físico, e portanto deve deixar-se como está, é correr o risco de criar um monstro com mais malefícios que vantagens. Onde não apenas há artistas insulta­dos de cinco em cinco minutos, mas também adolescentes que não distinguem o real do vir­tual e se enforcam no armário do quarto depois de uma dis­cussão no MySpace.

ANA RITA GUERRA, i, 04-08-09

07/03/09

ADOLESCENTES VICIADOS EM SMS

“Não conseguia”. É assim que Leonor Silva, 18 anos e utilizadora de telemóvel desde os 14, descreve como seria o cenário de 24 horas sem o aparelho.
Leonor não está isolada no que diz respeito ao “vício” dos SMS. Em Maio de 2007, Pedro Quelhas Brito, um professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, juntou 207 voluntários de quatro escolas desta cidade, dividiu-os em dois grupos, pré-adolescentes de 11 e 12 anos e adolescentes de 15 e 16 anos e concluiu que os primeiros enviavam uma média de 84,2 SMS por semana e os segundos, 235,6. Ao final do mês, os mais velhos remetiam assim cerca de mil mensagens.
“Entre as várias justificações, disseram-me que o fazem porque é mais barato, rápido, impessoal e podem escrever com uma terminologia que entendem. Um ou outro responderam que era útil para ‘bullying’”, recorda ao METRO. “É discreto e podem controlar o momento em que enviam e respondem às mensagens”, diz. Esta dependência dos SMS é potenciada pelos tarifários das operadoras, que oferecem mensagens escritas de borla. Uma rapariga norte-americana de 13 anos no último mês, enviou 14 258 mensagens de texto. Quando o pai da jovem abriu a factura mensal, de 440 páginas e no valor de dois mil dólares, pensou que se tratasse de um engano da operadora. Não era. Pegou numa calculadora e descobriu que, descontando as horas de sono, a sua filha, Reina, tinha escrito, em média, um SMS a cada dois minutos.
Na opinião a psicóloga Teresa Paula Marques, “tudo o que é excessivo cai no campo do patológico e a dependência dos SMS não foge a essa regra”. “Se o jovem passa a privilegiar o seu uso em detrimento dos contactos pessoais, acaba por não aprender a dar-se com os outros”, defende. Também para a psicóloga Susana Gonçalves, este comportamento, que se pode tornar “compulsivo”, é preocupante. Nas suas consultas, depara-se com pais apreensivos por verem os filhos quase sempre agarrados aos telemóveis. E também com casos de jovens em que o vício interfere nos estudos. “Há crianças que não dormem sem o telemóvel ao lado, e se se esquecem dele, é um drama”.
E porque o excesso de comunicação via SMS — ou Messenger, frisa a psicóloga — pode promover o isolamento dos adolescentes e minar o desempenho escolar, Susana Gonçalves aconselha os pais a “passarem tempo de qualidade com os filhos e a aprenderem a comunicar”.
ANDRÉ BARBOSA, Metro, 14-01-09 (adaptado)

07/02/09

UM QI ACIMA DE 120 NÃO TEM VANTAGEM

O jornalista Malcolm Gladwell, que chegou a ser campeão de 1500 metros de atletismo, é considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, cobra 40 mil euros por conferência e lançou o seu livro: Outliers – a História do Sucesso. Mas se quer continuar a acreditar no mito do self-made man, que nasce pobre, trabalha horas a fio e, sem qualquer ajuda transforma-se num homem de sucesso, então é melhor não o ler. “Este tipo de explicações para o sucesso não funciona. As pessoas não se erguem do nada. O que verdadeiramente distingue as suas histórias não é um talento extraordinário, mas as extraordinárias oportunidades que tiveram”, defende.
Einstein tinha um quociente de inteligência (QI) de 150. Chris Langan, que ficou conhecido como o americano com um QI mais elevado, chegou aos 195: começou a falar aos seis meses e a ler aos 3 anos, aos 5 questionava a existência de Deus e, na escola, tirava notas elevadas em testes de línguas estrangeiras que não conhecia - só precisava de estudar três minutos antes. Mas não foi lon­ge: perdeu uma bolsa de estudo, desistiu da faculdade e foi porteiro grande parte da vida. Para Gladwell, isto significa que um Q1 supe­rior a 120 não tem vantagens na vida real.
Fundamental é o conceito de "inteligência prática": "Saber o que dizer a quem, saber quando dizê-lo e saber como dizê-lo para ob­ter o máximo efeito". Esta capacidade depen­de, sobretudo, da família em que nascemos. Para Gladwell, as crianças de classe média e alta estão em vantagem: são expostas a mais experiências, aprendem a trabalhar em equipa e a interagir de maneira mais confortável com os adultos - Chris Langan cresceu numa fa­mília pobre, com um padrasto alcoólico.
ANA TABORDA, Sábado, 27-11-08 (adaptado)

17/01/09

ENAMORAMENTO

O que é o enamoramento? É o estado nascente de um movimento colectivo a dois. Esta definição coloca o problema do enamoramento de um modo novo, segundo uma óptica diferente daquela que nos foi transmitida pela psicologia, pela sociologia e pela própria arte. O enamoramento não é um fenómeno quotidiano, uma sublimação da sexualidade ou um capricho da imaginação, nem tão-pouco um sentimento sui generis inefável, divino ou diabólico, antes pode ser inserido numa classe de fenómenos já conhecidos, os movimentos colectivos. Entre estes tem certamente a sua individualidade muito própria, isto é, não pode ser confundido com outros tipos de movimentos colectivos, como a reforma protestante, o movimento estudantil, ou o feminista. Contudo, entre estes e o enamoramento há um parentesco muito próximo, as forças que se libertam e que actuam são do mesmo tipo, muitas das experiências de solidariedade, alegria de viver, renovação, são análogas. A diferença fundamental está no facto de os grandes movimentos colectivos serem constituí­dos por muitíssimas pessoas e estarem abertos ao ingresso de outras mais. Contrariamente, o enamoramento, sendo em­bora um movimento colectivo, nasce apenas entre duas pessoas, e o seu horizonte de dependência, qualquer que seja o valor universal que possa desencadear, está vinculado ao facto de ser completo com duas únicas pessoas.
Durkheim, falando dos estados de efervescência colectiva, escreve: «O homem tem a im­pressão ser 'dominado por forças que não reconhece como suas, que arrastam, que ele não domina. Sente-se trans­portado a um mundo diferente daquele em que decorre a sua existência privada. A vida aqui não é somente intensa, mas qualitativamente diferente. Ele desinteressa-se, esque­ce-se de si próprio, dá-se inteiramente aos fins comuns. Esta vida superior é vivida com tão forte intensidade e de forma de tal modo exclusiva que ocupa quase completamente as cons­ciências, das quais afasta mais ou menos completamente as preocupações egoísticas e vulgares». Durkheim, quando escreveu estas palavras, não pensava minimamente no enamoramento, tinha em mente a Revolução Francesa e outros grandes episódios revolucionários. Na realidade, a expe­riência que descreve é muito mais prolixa. Encontramo-la nos grandes processos históricos, como a Revolução Fran­cesa, o desenvolvimento do cristianismo ou do Islão, mas também em outros movimentos de pequenas dimensões. Todos os movimentos colectivos, na sua fase inicial, têm estas características. O facto curioso é que as palavras de Durkheim possam ser aplicadas também ao enamoramento.

FRANCESCO ALBERONI, Enamoramento e Amor

09/11/08

OS PERIGOS DA TV NO BERÇO

Cresce a controvérsia em redor dos novos canais televisivos destinados a crianças dos 6 meses aos 3 anos. Especialistas fazem o ponto da situação e aconselham prudência em relação aos programas que supostamente desenvolvem a atenção dos mais pequenos.
É difícil, para um adulto, apreciar este universo doce, cheio de bichos garridos, onde soam guizos e realejos. Espanta-nos o grande número de emissões sem palavras nem frases, apenas pontuadas por «buuuu» e «iupiii». É mesmo necessário falar sem nexo com os bebés?
Outros programas propõem-se ensinar palavras, reconhecer animais, contar, brincar. Mas brincar, como aprender, implica trocas, contacto. A maioria destas séries educativas pressupõe pais presentes que estimulam os bebés e os ajudam a entender. O que acontece quando nenhum adulto está com eles? Pois, as crianças ficam empantur­radas em imagens.
A formação da inteligência, nesta idade em que o cérebro se organiza, estrutura e forma categorias, exige actividade física. Dos 6 meses aos 3 anos, é a idade da atenção ao real próximo, da exploração do mundo, da aquisição da linguagem e dos primeiros gestos operacionais. Não iremos fabricar «bebés-zombies»?
Outro argumento resulta de estudos que demonstram que os mais pe­quenos só desenvolvem a capacidade de dis­cernimento e a compreensão quando têm oportunidade de «agir sobre a realidade», manipular, tocar, provar, experimentar. Faz-lhes falta encontrar resistência, sentir prazer, dor, malogros, êxitos. Instalá-los muito tempo diante de um ecrã reduz «o sentimento de poder agir», correndo-se o risco «de os enquistar num estatuto de espectador do mundo» antes mesmo de se tornar seu actor - e sem estar a ser intelectualmente preparado para o confronto com a realidade.
Poderão existir seis perigos essenciais as­sociados aos canais para bebés: criação de dependência, travão ao desenvolvimento intelectual e emocional, isolamento afectivo, disfunções da linguagem, perturbações da concentração. O psiquiatra Serge Tisseron leva mais longe esta crítica, e a sua inquietação podia resumir-se assim: nada temos contra o vinho; mas dávamos um copo de tinto a um bebé? Expô-lo, tão jovem, ao fluxo constante de um televisor, sem que possa escapar-lhe, é correr o risco de lhe alterar o cérebro. «É preciso ver as crianças pequenas diante da TV. São atraídas pelas imagens, as músicas, os gritos. Esticam os braços, tentam tocar no ecrã, seguram-se com força, para tentarem apanhar qualquer coisa. Procuram o contacto, a realidade... Os ecrãs frustram-nas. As fieiras de bolas ou um jogo de construção dão-lhes mais prazer. Podem agarrar, apalpar. É mais lúdico, mais estruturante para o espírito.»
F.Joignot, L Monde (Paris), 12-07-08 (adaptado)

22/10/08

SOBRE MACACOS E BANANAS

Suponhamos que temos seis macacos numa sala. Do tecto pende um cacho de bananas. Mesmo por baixo encontra-se um escadote (como o de um pintor ou carpinteiro). Não é preciso passar muito tempo até que um dos macacos suba o escadote para alcançar as bananas.
E assim se inicia a experiência: no preciso momento em que toca no escadote, todos os macacos são molhados com água gelada. Como é natural, isso detém o macaco. Passado um bocado, o mesmo macaco, ou algum dos outros, faz nova tentativa com o mesmo resultado: todos os macacos apanham com a água gelada assim que um deles toque no escadote. Quando este
processo se repete mais um par de vezes, os macacos já estão prevenidos. Mal algum deles pretende tentar, os outros tratam de evitar que o faça, detendo-o com pancada se necessário.
Uma vez chegados a este estádio, retiramos um dos macacos da divisão e substituímo-lo por um novo (que obviamente não participou na experiência até aí). O novo macaco vê as bananas e trata imediatamente de subir pelo escadote. Para seu horror, todos os outros macacos o atacam. E claro que o impedem. Depois de mais um par de tentativas, o novo macaco já aprendeu: se tenta subir pelo escadote, vão agredi-lo sem piedade.
O procedimento é de seguida repetido: retira-se um segundo macaco e introduz-se outro novo. O recém-chegado encaminha-se para o escadote e o processo repete-se: mal lhe toca (no escadote), é massivamente atacado. E não é só isso: o macaco que tinha entrado imediatmente antes dele ( e que nunca passara pela experiência da água gelada!) participa no episódio de violência com grande entusiasmo. Um terceiro macaco é substituído e mal tenta subir o escadote, os outros agridem-no. Todavia, dois dos macacos que lhe batem não fazem ideia do motivo porque não se pode subir o escadote. Substitui-se um querto macaco, depois o quinto e, por fim, o sexto que nesta altura era o único que restava do grupo original. Ao tirar-se este de lá, não resta nenhum que tenha sofrido o banho de água gelada. No entanto, tendo o último tentado subir um par de vezes e sendo furiosamente golpeado pelos outros cinco, fica estabelecida a regra: Não se pode subir o escadote. Quem o fizer expõe-se a uma repressão brutal. Só que agora nenhum dos seis tem argumentos para justificar tal barbaridade.
Qualquer semelhança com a realidade dos seres humano não é pura coincidência nem fruto do acaso. É que somos mesmo assim: como os macacos