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06/09/09

OS IDIOTAS DOMINAM

(...) O líder dos Nine Inch Nails (NIN), Trent Reznor, decidiu fechar todas as suas contas em redes sociais. Face­book, Twitter, MySpace, não sobrou uma. "Os idiotas domi­nam", escreveu Reznor, no últi­mo texto do blogue associado ao site dos NlN (o único que continua no ar). Reznor foi entupido com comentários ofensivos, demonstrações de ódio e ameaças anónimas, que atingiram também a sua noiva. A saída estratégica do cantor gótico/metal/industrial veio apenas dias depois de o site TechCrunch ter cancelado a sua conta no FriendFeed, devi­do aos ataques sucessivos (e pessoais) aos autores da pági­na. Os exemplos sucedem-se e são alarmantes. Que se passa com as redes sociais? Já não é só a executiva que perdeu uma proposta de emprego na Cisco porque foi falar disso no Twit­ter; é também a adolescente de 13 anos que se suicida por cau­sa da mãe de uma ex-amiga, que se fez passar por um namorado virtual no MySpace. Precisamos de regras naquele que era suposto ser o espaço mais livre do mundo: a inter­net. É uma ferramenta podero­sa demais para que continue esta ausência de enquadramen­to legal, esta passividade peran­te o que é possível fazer com ela. Aceitar que apenas espe­lha o bom e o mau do mundo físico, e portanto deve deixar-se como está, é correr o risco de criar um monstro com mais malefícios que vantagens. Onde não apenas há artistas insulta­dos de cinco em cinco minutos, mas também adolescentes que não distinguem o real do vir­tual e se enforcam no armário do quarto depois de uma dis­cussão no MySpace.

ANA RITA GUERRA, i, 04-08-09

09/01/09

ADORAMOS PREVISÕES, QUASE NUNCA ACERTAMOS

Os seres humanos adoram fazer previsões - seja acerca dos movimentos das estrelas, das alterações da Bolsa de valores ou da cor que vai estar na moda na próxima estação -, e o começo de um novo ano evidencia esta tendência ainda mais do que é normal. Infelizmente, as previsões que a maior parte de nós faz estão erradas.
Por que razão é tão difícil fazer previsões?Bem, por muitas e variadas razões, mas fundamentalmente por duas. Em primeiro lugar, os indivíduos são muito mais difíceis de perceber do que parecem à primeira vista, não apenas por serem infinitamente complexos, mas também porque as formas que escolhemos para nos comportarmos dependem de subtis detalhes da situação. Nas décadas mais recentes, os psicólogos conduziram inúmeras experiências que mostram que pequenas mudanças na forma como a situação é definida, ou até factores à primeira vista irrelevantes, como a música ambiente ou o tipo de letra, podem todos ter impacto na tomada de decisão de uma pessoa. Em segundo lugar, os fenómenos sociais nunca são apenas o produto de pessoas individuais a tomar decisões, mas emergem de muitas pessoas a tomar decisões em conjunto e em ligação umas com as com as outras. Graças à Web, é possível assistir a este fenómeno. Os meus colaboradores Matthew Salganik e Peter Dodds e eu dirigimos uma série de experiências para tentar perceber como e por que razão algumas canções se tornam êxitos enquanto tantas outras nunca conseguem entrar para o Top 100. Recrutámos dezenas de milhares de pessoas para um site em que podiam fazer as suas escolhas em relação às músicas de que gostavam. Algumas pessoas apenas viam os nomes das canções e as bandas que as interpretavam, mas outras também reparavam em quantas vezes cada canção tinha sido descarregada anteriormente. Para além disso, dividimos este segundo grupo numa série de universos paralelos em que o historial se podia mostrar muitas vezes, revelando quanto do sucesso de uma canção depende das suas qualidades intrínsecas e quanto depende da influência dos nossos pares. Quando os participantes sabiam do que outros gostavam, as canções populares tornavam-se ainda mais populares e as canções impopulares ainda menos populares do que quando as pessoas faziam as suas escolhas de forma independente. Mas mais surpreendente ainda foi termos descoberto que se tornava também cada vez mais imprevisível perceber o que tornava determinadas canções nas mais populares - nalguns casos, a influência social levou a que a sorte e o acaso suplantassem o apelo intrínseco enquanto principais factores de criação de sucesso.
DUNCAN WATTS, in P2, 08-01-09