(...) O líder dos Nine Inch Nails (NIN), Trent Reznor, decidiu fechar todas as suas contas em redes sociais. Facebook, Twitter, MySpace, não sobrou uma. "Os idiotas dominam", escreveu Reznor, no último texto do blogue associado ao site dos NlN (o único que continua no ar). Reznor foi entupido com comentários ofensivos, demonstrações de ódio e ameaças anónimas, que atingiram também a sua noiva. A saída estratégica do cantor gótico/metal/industrial veio apenas dias depois de o site TechCrunch ter cancelado a sua conta no FriendFeed, devido aos ataques sucessivos (e pessoais) aos autores da página. Os exemplos sucedem-se e são alarmantes. Que se passa com as redes sociais? Já não é só a executiva que perdeu uma proposta de emprego na Cisco porque foi falar disso no Twitter; é também a adolescente de 13 anos que se suicida por causa da mãe de uma ex-amiga, que se fez passar por um namorado virtual no MySpace. Precisamos de regras naquele que era suposto ser o espaço mais livre do mundo: a internet. É uma ferramenta poderosa demais para que continue esta ausência de enquadramento legal, esta passividade perante o que é possível fazer com ela. Aceitar que apenas espelha o bom e o mau do mundo físico, e portanto deve deixar-se como está, é correr o risco de criar um monstro com mais malefícios que vantagens. Onde não apenas há artistas insultados de cinco em cinco minutos, mas também adolescentes que não distinguem o real do virtual e se enforcam no armário do quarto depois de uma discussão no MySpace.
ANA RITA GUERRA, i, 04-08-09