Quem vive na cidade come mais leite, queijo e iogurtes do que os que vivem no campo. Já nas zonas rurais, há uma maior apetência por cereais e pão que nas áreas urbanas. Assim se comia em Portugal há 20 anos. E hoje? Ninguém sabe, pois estas conclusões são do único inquérito alimentar nacional já feito. Que data de 1985.Com a disseminação de hipermercados pelo país, a maior ligação entre interior e litoral e a diversificação da oferta o mais natural é que muito tenha mudado. No entanto, o inquérito feito pelo Instituto Ricardo Jorge há duas décadas dá conta que, em média, cada português ingeria (sem contar com as bebidas) 1549 gramas de alimentos por dia e, embora as opções variassem em relação à situação geográfica, tanto urbanos como rurais equilibravam-se, com ligeira vantagem dos habitantes das cidades, que deglutiam mais uns gramas.Os alimentos mais consumidos eram, por ordem, a batata (309,3 gramas), o pão (252,1), o leite e iogurte (203,6) e as hortícolas (198,3). Consumia-se mais carne que peixe, mas a diferença não era substancial - 92 gramas de peixe para 122 de carne. Numa coisa, portugueses do campo e da cidade igualavam: o consumo de açúcar. A gulodice não dependia da geografia. Só que a quantidade consumida - 31,3 gramas era muito inferior ao consumo real do país, que se situava nas 81 gramas. Ou seja, conclui o estudo, deve ser nos cafés e restaurantes que se fazia a maior parte da ingestão de doces. Outro dado interessante: consumia-se 11 por cento de alimentos a menos do que os que se encontravam disponíveis no mercado. O Algarve era o campeão dos comedores de peixe, os habitantes no distrito de Évora não eram muito adeptos da batata e da fruta, o Alentejo adorava leite, os de Bragança abusavam das gorduras e os de Lisboa eram os maiores comilões de todos. No estudo não surgem, porém, informações sobre o consumo de sal.