24/06/09

40 ANOS DO PAI DE TODOS OS FESTIVAIS



Woodstock foi anunciado como uma "Exposição Aquariana", organizado na fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na cidade rural de Bethel, Nova York, de 15 a 18 de Agosto de 1969. O festival é o exemplo de uma era hippie e de contra-cultura no final dos anos 60.

Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante fim de semana de chuva. perante meio milhão de fãs.Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular.

21/06/09

ZAHI HAWASS, GUIA SUPREMO DA ARQUEOLOGIA

Porque há-de a arqueologia egípcia ser monopólio do secretário-geral do Conselho Superior de Antiguidades do Egipto, Zahi Hawass? Quer seja na rádio, na televisão ou nos jornais, tem o monopólio deste assunto e de tudo o que lhe possa estar relacionado, de perto ou de longe.
Seja a erosão da pirâmide de Saqqarah, a investigação do túmulo de Cleópatra e do seu amante Marco António, a descoberta dos despojos de um ministro de Ramsés ou a conservação dos restos de uma simples ser­va da rainha Nefertite, é Zahi Hawass que é chamado a falar. Mais ninguém (…).
É melhor do que Indiana Jones, Hércules, Super-Homem e Batman todos juntos. Não se contenta em falar em nome do Egipto, dos faraós, de reis e rainhas, está igualmente con­vencido de que detém a verdade.
A cada controvérsia, Hawass põe o seu ca­pacete de cientista - ou antes, o seu chapéu de Indiana Jones - e profere certezas abso­lutas e indiscutíveis. Raros são os jornalistas que ousam produzir uma reportagem ou um documentário sobre o assunto sem o pôr a intervir pelo menos uma vez.
Seguro de si, emite as suas «fatwas» [sen­tenças de iluminação divina] arqueológicas e varre de uma assentada os pontos de vista dos outros: «Claro que não, estão todos en­ganados!», dita. Ou em inglês: «No, theyare wrong!». Outra alternativa: «Não dizem a verdade, de maneira alguma». Enquanto ele continua «absolutamente certo»!
A sua atitude está em total contradição com espírito científico. É o contrário da modéstia que caracteriza um verdadeiro investigador, que sabe que não há verdade absoluta. Egip­tólogos do mundo inteiro - e são numerosos - nunca diriam «eu sei», antes «suponho». Não falam de «certeza», mas de «hipóteses». Esta prudência está muito mais de acordo com as ciências humanas e com o trabalho sobre objectos que têm milhares de anos. Mesmo nas ciências ditas puras, esta regra impõe-se. Não assistimos já a foguetões que explodiram em pleno voo?
IMAD ABDERRAZEQ, Courrier Internacional, Junho de 2009

14/06/09

A PRAGA DE PIOLHOS QUE GEROU MODA

Na viagem da família real portuguesa para o Brasil, há mais de dois séculos, em duas das naus houve praga de piolhos, obrigando as senhoras - aristocratas incluídas - a cortar o cabelo de forma radical. Quando chegaram ao Rio de Janeiro, foram imitadas por se pensar que a cabeça rapada era moda na Europa. Por que é que no Reino Unido se conduz pela esquerda? Henrique VIII da Inglaterra rompeu relações com o papado de Roma por este não lhe conceder a anulação do primeiro casa­mento (com a espanhola Catarina), para poder casar com quem amava. O rei proibiu então que se entrasse em Londres pelo lado direi­to, para contrariar o costume romano. Porque no passado, o lado esquerdo era considera­do maligno, como a superstição dizia que o canhoto era ruim, a minha mãe obrigou-me a escrever com a mão direita, e hoje escre­vo com as duas, porque nunca deixei de ser canhoto.
AROLDO MARTINS, Plenitude, nº72, Junho de 2009

08/06/09

LÍNGUA TRAIÇOEIRA

As línguas podem realmente ser muito traiçoeiras. Quando pela primeira vez alguém me disse, casualmente num encontro social nos Estados Unidos da América, que era muito anal, a minha reacção foi empalidecer, engolir em seco e perguntar: "Excuse me?" O contexto e as circunstâncias não eram de forma nenhuma sexuais, pelo que aquilo que soava a uma revelação intima pareceu-me, no mínimo, desadequada.
Para os nativos da língua inglesa, referências à analidade desse tipo nada têm de sexual. Referem-se tão-só a um tipo de personalidade, caracterizado por uma certa necessidade de organização, pela aceitação das regras estabeleci das e por um gosto pela limpeza.
Anal é quem cumpre todas as regras de trânsito e recrimina todos os que não o fazem. São aqueles cujas secretárias no trabalho estão sempre impecável e irritantemente organizadas. São os que nunca vão de férias sem ter uma relação das despesas e listas exaustivas dos locais a não perder.

NUNO NODIN, Pública, 14-12-08